terça-feira, junho 05, 2012

Caloteiros vão às urnas

Eles foram condenados em 2011 por desviar R$ 1,41 bilhão dos cofres da União e ainda assim podem se tornar aptos a disputar cargos nas eleições de outubro. Com a contabilidade reprovada pelo Tribunal de Contas da União (TCU), 2.671 gestores em todo o país – entre prefeitos, vereadores, governadores, deputados, secretários e diretores de órgãos públicos – foram também multados em R$ 43 milhões. Pela Lei da Ficha Limpa eles estariam inelegíveis por um período de oito anos. No entanto, podem se beneficiar de um projeto em tramitação na Câmara dos Deputados. Apresentado há pouco mais de um ano pelo deputado Silvio Costa (PTB-PE), o Projeto de Lei Complementar 14/11 revoga artigo da Lei da Ficha Limpa e torna inelegível apenas aquele gestor que tiver as contas reprovadas em sentença definitiva da Justiça. Pela legislação atual, basta que as contas sejam rejeitadas pelo TCU ou Tribunal de Contas do Estado (TCE) por irregularidade insanável, o que caracteriza ato de improbidade administrativa. Ou seja, a norma não exige manifestação da Justiça. Na justificativa do projeto, o primeiro argumento usado pelo deputado Silvio Costa é justamente que os tribunais de contas não são instâncias do Judiciário. Para o coordenador do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE) e um dos idealizadores do projeto que culminou na Lei da Ficha Limpa, juiz Márlon Reis, a tentativa de alterar a legislação é uma "afronta" ao 1,6 milhão de brasileiros que participaram do abaixo-assinado para apresentação do projeto popular retirando da disputa eleitoral os maus políticos. "O que querem é abrandar a lei e beneficiar os condenados. Além disso, estão quebrando a autonomia entre os poderes, obrigando o Judiciário a se manifestar sobre uma reprovação de contas", disse.

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